quinta-feira, 18 de julho de 2013

Preto Velho

Perguntei ao preto velho
Porque chora meu herói?
Preto velho respondeu
É meu coração que dói
Eu já fui bom candeeiro, 
Fui carreiro e fui peão
Já derrubei muito mato, 
E ja lavrei muito chão
Com carinho carreguei...
Os filhos do meu patrão
Em troca do que eu fiz, 
Só recebi ingratidão.

Perguntei ao preto velho
Porque chora meu herói?
Preto velho respondeu
É meu coração que dói
Sempre chamei de senhor
Quem me trato a chicote
Livrei meu patrão de cobra
Na hora de dar o bote
Eu sempre fui a Madeira
E o patrão foi o serrote
Sofri mais do que boi velho
Com a canga no cangote.

Perguntei ao preto velho
Porque chora meu herói?
Preto velho respondeu
É meu coração que dói
Da terra tirei o ouro
Meu patrão fez seu anel
Mas agora estou velho
E meu patrão mais cruel.
Está me mandando embora
Vou viver de fel em fel
O que me resta é esperar...
A recompensa do céu


terça-feira, 16 de julho de 2013

Uma carta

Meu filho:

Ser feliz não é um mistério. Vou apresentar algumas sugestões ligeiras, que deem notícia do que afirmamos:

Não espere muito da vida. Tenha sonhos ousados, perseguindo-os com ardor e sistemática. Mas deleite-se com as pequenas coisas, os pequenos prazeres da vida, de uma ducha de água fria, em tarde de verão, ao lanche apetitoso que lhe mata a fome; do sorriso do ente querido, à oportunidade de ouvir música reconfortante ou ler um livro de qualidade. Quem está sempre preocupado com o amanhã e com as
conquistas do futuro, perde a única realidade que de fato possui: o seu presente.

Ore sempre. Sem contato com Deus, não é possível ter força, inspiração e oportunidades para vencer e realizar-se.

Ame. Somente no amor encontrará alimento para sua alma, tornando-a apta aos grandes vôos do espírito. O amor é a ferramenta básica para tudo, até para o êxito profissional e financeiro. E nada preenche mais o coração de alegria que amar e ser amado. 

Espere. O que hoje não se realiza, amanhã se realizará. Então, viva a vitória dos que sabem persistir, e que, por isso mesmo, vencem.

Trabalhe. Esperar só não vale, se não for em serviço. Quem se mobiliza, entra em sintonia com os fluxos criativos do Cosmos.

Faça todo o bem que estiver a seu alcance. Espalhando o bem, faz com que o bem venha em grande torrente na sua direção. Ser bom é o primeiro piso para ser feliz.

Você vai encontrar manuais mais completos, e de fato são importantes. Mas se começar a aplicar, com denodo, esses princípios simples, que constituem uma base elementar para o grande edifício da felicidade, estará se candidatando, realmente, à felicidade, para mais logo do que imagina.

Selma.

Fonte: Do livro "Reflexão Matinal"  de Benjamin  Teixeira

terça-feira, 9 de julho de 2013

Hora de esvaziar a mala


Alguns momentos em nossas vidas podem ser comparados com uma viagem.
Criamos muita expectativa quanto ao destino, ficamos ansiosos sobre o que poderá acontecer nesse local e esperamos o momento certo de embarcar.

Nesse início preparamos nossas malas. O que você separa para levar quando vai em busca do novo? E fazemos exatamente isso. Separamos com muito carinho nossas melhores peças e combinações, escolhemos os melhores cheiros - de cremes, de perfumes, de memórias - e, juntamos tudo o que julgamos necessário (ou não) para carregarmos conosco na aventura.
O que muitas vezes acontece é que a bagagem torna-se pequena para suportar tanta coisa. Quando não, levamos tudo o que é possível e, por deslize, deixamos para traz o essencial. É comum também em várias situações descobrirmos que metade do que carregamos por considerarmos ser essencial é, na verdade, inútil e só pesa.

Então, depois de nos prepararmos e sentirmo-nos prontos, EMBARCAMOS.
O destino é incerto, mas a viagem há de ser agradável. E na maioria das vezes é, na maioria...
Quando aterrissamos no “novo” deixamos de lado o medo de altura e muitos outros que assombravam o passado.

Mas agora, em terra firme, a travessia é diferente, ela segue outro traçado, repleto de lugares encantadores (principalmente dentro de nós) e surpresas agradáveis. Você mergulha “de cabeça” num oceano transparente e convidativo. Caminha por estradas rodeadas de belas paisagens ligadas por uma ponte que sustenta um sentido: a ponte do olhar. Você dança ao som de letras que se encaixam e até mesmo do silêncio que grita baixinho suspiros mágicos de promessas boas.

Mas isso é uma viagem e, em certa hora, você se dá conta de que não é um sonho onde todos vivem felizes para sempre. Pra tudo continuar sendo bom, tem que ser verdadeiro e forte o suficiente para agüentar os tropeços e se solidarizar com a fome alheia e as mãos estendidas que buscam um apoio... Você percebe que a vida segue com altos e baixos até “entre as coisas mais lindas que eu conheci”...
E como em quase todos os passeios é chegada a hora de retornar. A hora triste de se despedir, afinal foram tantos lugares lindos que certamente se eternizarão na memória; mas que bom poder ter de volta o aconchego do seu lar...do seu jeito...do seu eu.

Com um aperto no peito, no estômago e na garganta, você veste um sorriso nos lábios e deixa esse local com a sensação de que tudo passou rápido demais e se pergunta: Valeu a pena?
Tudo é muito recente e você está exausta demais pra fazer o balanço, aquele que sempre consciente ou inconscientemente fazemos - se foi bom, se voltaria lá outras vezes, e por aí vai...
Então você pega sua mala, que está um pouco mais pesada, e dirige-se pra casa. Ao entrar, nota que a paisagem está um pouco diferente. Ou será você que está enxergando o “normal” com outros olhos? É, talvez seja mesmo tudo tão comum, só isso!

Você caminha até seu quarto com algumas pontadas de dúvidas, sabe que agora é a parte chata da viagem, porém, importantíssima para as coisas voltarem nos eixos: desfazer as malas.
Ao abri-las é possível perceber que uma grande parte daquelas coisas boas que você fez questão de carregar, permaneceram intactas, uma pena ter faltado tempo para usá-las, outras, no entanto, curiosamente encontram-se desgastadas e desbotadas. Na parte de cima da bagagem estão os “mimos” adquiridos. 

Quanta coisa você trouxe e eu te pergunto: Pra quê?
Você respira fundo, sabe o que é necessário fazer e que essa tarefa não pode mais ser adiada. “Arregaça as mangas” e começa a esvaziar de uma vez por todas sua mala, cada compartimento, cada repartição. Está disposta a deixá-la limpa e pronta para receber seu novo destino, que ja-já estará pintando para trazer muitas outras emoções, cada vez maiores, melhores e verdadeiras!
É, mais uma viagem...